Cidade Educadora: territórios como laboratórios de experiências educativas

Cidades Educadoras

O que são Cidades Educadoras? Sabemos que a grande maioria das ruas e vias urbanas ao redor do mundo não foram pensadas para contemplar o bem estar e a segurança das pessoas – e muito menos das crianças. Depois de um século de construções de infraestruturas voltadas para facilitar o trânsito de veículos, surge a tendência de observar, planejar e recuperar as ruas para todos os cidadãos, redesenhando o espaço público e provando que é possível transformar as ruas em lugares seguros, atraentes e vibrantes.

O conceito não é novo. Na verdade, ganhou visibilidade com o movimento das Cidades Educadoras na década de 1990 com o I Congresso Internacional de Cidades Educadoras, que aconteceu em Barcelona, na Espanha. A ideia é simples e remete ao entendimento de que as cidades também são territórios educativos onde as pessoas e os espaços são agentes pedagógicos potencialmente capazes de garantir e tornar perene o aprendizado para além da escola, explorando e dialogando com as diferentes oportunidades que a própria comunidade oferece, sempre com o foco nas crianças. Isso porque, se uma cidade é boa para uma criança, também será para pessoas de todas as idades, não é mesmo?

A Global Designing Cities Initiative (GDCI) lançou a Designing Streets for Kids, ou Projetando Ruas para Crianças, em português. Essa plataforma é uma iniciativa que visa fomentar abordagens de projetos centradas nos cidadãos lidera o esforço em prol das ruas focadas nas crianças, com base no Guia Global de Desenho de Ruas e no Urban Street Design Guide da National Association of City Transportation Officials, e nos projetos de cidades pioneiras do mundo real.  O guia elenca o que há de melhor em diferentes países e contextos culturais para criar princípios universais para as ruas com base em seus usuários mais vulneráveis.

Para ajudar você a entender como uma cidade pode se tornar educadora, elencamos cinco estratégias contidas no guia que podem ser implementadas sem muitas dificuldades e contribuir ativamente na criação de espaços urbanos mais acolhedores, seguros e feitos para crianças e adultos.

E se nosso foco é arte e cultura, também trazemos para você, ao final do texto, três exemplos de cidades educadoras de diferentes continentes que mostram como é possível desenvolver projetos culturais eficientes, de modo que as pessoas possam se expressar e articular seus potenciais humanos em sociedade com singularidade, respeito, criatividade e responsabilidade.

 

Estratégias para redesenhar ruas em uma cidade educadora

A Designing Streets for Kids apresenta estratégias para redesenhar as ruas compartilhando os objetivos comuns de segurança, conforto e felicidade, na tentativa de criar ruas mais eficientes e agradáveis para todos. São elas:

 

1. Aprimore: atenda às necessidades básicas

Estabeleça padrões mínimos para melhorar a segurança, a acessibilidade e a mobilidade.

 

2. Proteja: projete para velocidades apropriadas 

A velocidade mata. Mortes de crianças no trânsito são evitáveis com o projeto de velocidades mais seguras.

3. Recupere: aloque espaço para as pessoas 

Por ser limitado, o espaço é nosso recurso mais precioso nas cidades. A forma como o espaço da rua é distribuído determina a eficiência da mobilidade e a maneira como as pessoas realmente usam as ruas para suas atividades diárias.

4. Ative: incorpore brincadeiras e aprendizagem 

Brincar é importante para pessoas de todas as idades. As ruas oferecem oportunidades para incorporar a brincadeira à vida cotidiana.

5. Amplie: integre os espaços adjacentes

Estender a experiência da rua aos espaços adjacentes mantém a rua mais ativa e interativa, aumenta a vigilância comunitária e tira proveito de áreas subutilizadas.

 

Para se inspirar! 

Três experiências de Cidades Educadoras pelo mundo

1. A cidade de Lokossa, em Benim, resgata memória por meio de jogos tradicionais

Desde 2009, a cidade de Lokossa, em Benin (África)  comemora o Dia dos Jogos Tradicionais de Lokossa, quando pessoas da localidade e de outros países vão à cidade para participar de competições de jogos tradicionais, como o Adji e o Vê. O objetivo do estímulo aos esportes é o de  promover o diálogo intercultural e de gerações, contribuindo para o resgate de valores do povo de Lokossa. A atividade estimula ainda uma vida saudável, por meio dos esportes e a importância de se ocupar um espaço público – como praças – com a oportunidade de transmitir diversos saberes acerca da história do país.

 

2. Em Tarragona, na Espanha, as histórias dos pescadores viram patrimônio educativo

O projeto El Serrallo, um lugar de conto: a memória dos pescadores contribuiu com a construção de um novo patrimônio local, intangível: a memória dos pescadores. Essas histórias tornaram-se públicas e o projeto cuidou de proporcionar meios de traduzi-las em diferentes linguagens e ferramentas de comunicação. Além disso, a população se aproximou das atividades culturais no território, o que reforça os espaços de aprendizagem informal que podem complementar o trabalho realizado pelas escolas.

 

3. Cidade argentina de Godoy Cruz se transforma em museu a céu aberto

A cidade de Godoy Cruz (Mendoza,Argentina) vem atraindo artistas locais e internacionais para o Encuentro Latinoamericano de Muralismo y Arte Público. O evento teve início com uma iniciativa entre a Secretaria de Direitos Humanos e a Secretaria de Patrimônio, Cultura e Turismo, que fomenta a intervenção artística em muros degradados.. Em 2012,  Godoy Cruz foi oficialmente reconhecida como museu a céu aberto. As intervenções também contam com o apoio da comunidade, já que os artistas se reúnem com os moradores para, juntos, definirem os locais e quais temáticas serão estampadas nas paredes.

?Depois de tudo isso, conta para a gente como você pode apertar o play e contribuir para transformar sua cidade em um território educativo e bom de se viver?

Play Festival

Para conhecer a plataforma e acompanhar as ações que já estão sendo realizadas, acesse www.playfestival.art

 
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